O carro elétrico é uma categoria que está ganhando muita popularidade nos últimos anos. Com o aumento das opções no mercado, e valores mais acessíveis, começamos a vislumbrar um futuro em que esse tipo de veículo seja comum.
Mas por que essa revolução está começando agora? Para entender o futuro dos carros elétricos no Brasil e no mundo, é preciso discutir primeiro o que eles são e o que trazem de diferente em relação aos motores de combustão.
Neste guia completo sobre o assunto, vamos responder todas as principais perguntas dentro do tema. Veja o que é um carro elétrico, vantagens e desvantagens, por que eles ainda são caros e o que podemos esperar para o futuro. Confira!
O que é um carro elétrico?
Trata-se de um automóvel cujo motor é abastecido por energia elétrica, independentemente de como ela é armazenada e utilizada — falaremos mais sobre seus diferentes tipos em breve. É uma alternativa aos tradicionais carros com motor a combustão e tem se tornado bastante popular nos últimos anos.
Enquanto nos veículos convencionais o combustível (gasolina, etanol, diesel) é utilizado para criar pequenas explosões controladas, que movem os pistões e geram o movimento no eixo necessário para rodar, nos modelos elétricos, a energia armazenada é aplicada diretamente nas rodas pela conversão da eletricidade.
É o mesmo princípio de outros motores elétricos em nosso dia a dia, como ventiladores, esteiras e patinetes. A diferença está apenas na quantidade de poder necessário para mover veículos e a presença de processadores inteligentes que gerenciam todo o conjunto.
Como funciona um carro elétrico?
O objetivo de qualquer equipamento automotor é o mesmo: como o nome sugere, gerar movimento autônomo, sem uma fonte externa que promova a tração necessária para sair da inércia e se manter fora dela.
Porém, ainda que a finalidade seja a mesma, o processo de geração de movimento do motor elétrico em carros é bastante diferente do que estamos acostumados a ver nos modelos de combustão.
Em vez de um tanque com combustível líquido, os carros elétricos têm baterias que armazenam a energia necessária para mover as rodas. Ela é carregada e utilizada como qualquer equipamento eletrônico — celular ou notebook, por exemplo.
Mas, claro, um veículo precisa de muito mais poder para colocar um objeto com centenas de quilos, às vezes, toneladas, em velocidades que chegam — e até ultrapassam — os 100 km/h.
Logo, o maior desafio no desenvolvimento de carros elétricos é a armazenagem suficiente de eletricidade, de modo que eles tenham performance e autonomia equiparáveis ou superiores às encontradas nos carros tradicionais. Esse é considerado o maior obstáculo que vem sendo superado nos últimos anos.
Mas, e como esse motor funciona na prática? Como mencionamos, esses veículos não precisam de um processo intermediário de transformação energética para gerar movimento: o motor elétrico faz esse processo imediatamente, convertendo energia em força motriz para as quatro rodas individualmente.
Embora o fundamento seja o mesmo em quase todos os modelos, atualmente existem diversos tipos de veículos elétricos, opções que variam de acordo com a arquitetura do motor, a demanda de uso e até o perfil do motorista.
Veja as principais categorias comercializadas hoje.
Veículo Elétrico Híbrido (HEV)
O modelo mais comum de se encontrar hoje no mercado é uma transição entre os motores tradicionais e o futuro automotivo.
Esse veículo híbrido conta com um motor primário a combustão, como todos estamos acostumados. Dispõe de um tanque alimentado com gasolina, etanol ou diesel. Porém, há também uma opção com motor auxiliar elétrico, com uma bateria recarregável em tomadas compatíveis.
Nesse modelo, ele é utilizado para aumentar a economia, a eficiência e diminuir os poluentes de um carro a combustão. É acionado em momentos chave, como na hora ligar, ou quando ele está em velocidade constante.
Veículo Elétrico Plug-in (PHEV)
O carro elétrico Plug-in é um passo a mais nessa transição dos modelos tradicionais para novos. Sua estrutura é bastante similar à do HEV, com a diferença de que apresenta maior autonomia e paridade entre o sistema de combustão e o elétrico.
Isso significa que, em vez de usar a eletricidade apenas como força auxiliar, o carro pode rodar igualmente com qualquer um dos dois motores.
É uma opção interessante para o motorista, já que possibilita escolher a fonte da energia de acordo com a necessidade. Se a bateria está cheia, basta usar a eletricidade e economizar no combustível. Se não há um ponto de recarregamento por perto, é só passar em um posto e encher o tanque.
Veículo Elétrico à Bateria (BEV)
O modelo BEV é o veículo completamente elétrico, sem qualquer componente tradicional de combustão no conjunto do motor.
Embora a bateria geralmente seja significativamente maior, para dar a autonomia necessária, ainda é um sistema consideravelmente menos volumoso em relação aos tradicionais.
Nesses casos, é necessário conhecer a capacidade de distância percorrida por carga e planejar para ter um posto de carregamento à disposição em seu trajeto. Algo que deve melhorar bastante com o passar do tempo.
Outro sistema interessante do BEV, que também pode estar presente em outros tipos, é o uso de energia cinética dos freios convertida em eletricidade e armazenada na bateria. Assim, o próprio movimento do carro estende o tanto que ele pode andar.
Veículo Elétrico com Célula de Combustível (FCEV)
Ainda raro no mercado, o veículo com célula de hidrogênio combustível é uma aposta das fabricantes para superar a diferença de autonomia dos carros elétricos aos de combustão.
Em princípio, o motor funciona da mesma forma que no BEV. Mas, em vez de uma bateria tradicional, utiliza células de gás hidrogênio para gerar eletricidade.
Além de percorrer distâncias maiores, o abastecimento é mais próximo do combustível líquido do que a recarga na tomada. É mais rápido e prático. Os custos da tecnologia ainda são elevados, mas o FCEV promete ser uma das opções mais atraentes de carro elétrico no futuro.
Quais os benefícios dos carros elétricos?
Qualquer modelo elétrico, mesmo o híbrido, traz grandes benefícios para quem dirige e a todos ao redor. Essas vantagens aumentam de acordo com o tipo, sendo ainda maiores quando o veículo substitui completamente a combustão.
Veja quais são os principais benefícios que estão fazendo empresas e consumidores voltarem sua atenção para os carros elétricos.
Sustentabilidade
Um dos grandes vilões do aquecimento global é a quantidade de gás carbônico lançado na atmosfera todos os dias por carros a combustão. Isso sem contar na extração de petróleo, um recurso finito e que pode causar desequilíbrios ambientes, principalmente em vazamentos.
O mundo inteiro considera os carros elétricos como a melhor alternativa para reduzir consideravelmente essa emissão. Claro, a geração de energia ainda tem seus impactos ambientais, mas são menores e mais controlados do que a fumaça que sobe do trânsito diariamente nas grandes cidades.
O BEV não possui escapamento, pois não há nenhum gás liberado da utilização de energia no motor. Já no FCEV, com bateria de hidrogênio, a reação química que produz a força motriz resulta em oxigênio e água, dois elementos fundamentais para manutenção da vida.
Portanto, investir na criação e comercialização de veículos elétricos é uma escolha acertada para garantir uma relação melhor com o meio ambiente no futuro.
Redução de ruídos
Um fator interessante, e ainda pouco conhecido, é que o motor elétrico não faz nem de longe o barulho dos carros a combustão. Muitos deles podem ser tão silenciosos que a fabricante cria artificialmente um som no carro para alertar pedestres de sua presença.
Isso significa muito mais conforto para motoristas e passageiros, principalmente em viagens longas. Quem curte o ronco do motor tradicional, ainda terá opções que o produzem de alguma forma.
Segurança
Esse é outro ponto diferenciador bastante importante do carro elétrico em relação ao de combustão. Começa pelo fato de o motor ser bem menor e menos pesado do que o tradicional, reduzindo os riscos de lesões graves em colisões frontais.
Além disso, as características do modelo trazem benefícios interessantes. Primeiro, a falta de um tanque de combustível elimina o risco de explosões.
E sabia que é bem mais difícil capotar em um carro elétrico do que em um veículo tradicional? O fenômeno acontece porque, em vez da dianteira ou traseira, esse motor fica embaixo do carro, no assoalho. Com isso, o centro de gravidade fica mais próximo do chão, dificultando que o carro vire em uma batida mais forte.
Eficiência e economia
A forma como um motor elétrico é construído e funciona resulta em um sistema muito mais eficiente na conversão de energia do que ocorre nos motores a combustão.
Com o sistema convertendo e transferindo o poder diretamente para as rodas, há menos desperdício em processos intermediários.
Pense que a explosão do modelo tradicional aciona os pistões, que movimentam o eixo, que só então move as rodas. O atrito natural dessas peças faz com parte da força se perca no caminho.
O veículo elétrico utiliza a energia distribuída para as rodas individualmente, resultando em um torque maior. E sabia que esses motores não possuem marcha como os de combustão? Isso ajuda a dar ainda mais eficiência ao conjunto.
Outra funcionalidade interessante é o chamado KERS. Esse sistema usa a energia cinética gerada pelo atrito dos freios para recarregar a bateria. Assim, o próprio ato de dirigir contribui para o abastecimento.
Com uma melhor rede de distribuição no futuro, os veículos elétricos serão mais baratos de recarregar e usarão essa energia com otimização que nunca será possível nos modelos a gasolina.
Manutenção mais barata
Muita gente pensa que o carro elétrico tem manutenção mais cara do que aqueles a combustão, mas essa é uma impressão atual baseada na infraestrutura ainda insuficiente para o modelo.
A verdade vem de uma matemática bem simples: quanto menos peças tem um carro, menos peças causam problemas. Um motor tradicional é formado por centenas de componentes, de variados tamanhos e funções.
Com o atrito da interação entre as peças, e o desgaste causado por fatores internos e externos, donos de carro estão sempre levando o veículo para revisões.
O motor elétrico tem significativamente menos elementos, e quase nenhum deles é móvel. Ou seja, exige lubrificação apenas em peças específicas e sofre muito menos desgastes.
Melhor dirigibilidade
Os sistemas inteligentes de direção dos carros elétricos são muito mais eficientes que nos modelos tradicionais porque têm controle direto sobre as rodas e o desempenho do conjunto.
Portanto, esses veículos têm direção mais suave, tanto nas manobras quanto na hora de acelerar e frear. O processador do motor está ficando cada vez mais inteligente, trazendo novas opções de dirigibilidade que facilitam muito a vida do motorista.
Isso sem contar em algo que já falamos aqui: o carro elétrico não tem a transmissão como conhecemos. É diferente até dos veículos automáticos, que ainda utilizam marchas mesmo que não seja o motorista a mudá-las.
Quais são as desvantagens dos carros elétricos?
Se fossem só vantagens, todos os carros rodando hoje seriam elétricos. Mas por que isso não aconteceu ainda? A resposta está nas desvantagens dessa categoria, que ainda estão relacionadas ao desenvolvimento do produto e à infraestrutura para uma mudança completa de paradigma energético. Confira quais são.
Preço
O custo de um carro elétrico em relação aos modelos a combustão ainda é muito distante para que valha a troca.
O esperado de modelos do tipo é que a economia de um motor mais eficiente compense o preço de compra maior. Mas ainda é uma opção apenas para quem tem mais condições.
Rede de abastecimento
Carros totalmente elétricos, do tipo BEV, necessitam de entradas especiais de energia para o reabastecimento rápido das baterias. As opções estão se tornando mais frequentes nos últimos anos, como você já deve ter visto em postos, shoppings e supermercados.
Mas ainda é pequena a cobertura, limitada principalmente às grandes cidades. Fazer uma viagem longa com um desses modelos ainda exige certo planejamento.
Claro, é um processo. Quanto mais popular ficarem os veículos elétricos, mais postos de recarregamento vão existir. É um ciclo virtuoso que acontecerá naturalmente.
Opções de manutenção
O mesmo princípio em relação ao preço e à cobertura afetam as opções de manutenção de um veículo elétrico. Por ainda serem poucos modelos e unidades rodando no país, não são muitas oficinas que apresentam a estrutura ou até a mão de obra especializada para esse tipo de motor.
Atualmente, as alternativas são muito limitadas às autorizadas de quem fabrica aquele carro. Dependendo de onde você mora, pode ter que rodar centenas de quilômetros para consertar ou trocar componentes mais específicos.
Por que os carros elétricos são caros?
A grande crítica aos carros elétricos ainda gira em torno do preço, seu maior limitador para a popularização nos próximos anos. Mas isso vai ser sempre assim?
Na verdade, o custo alto de carros elétricos hoje tem algumas razões bem claras:
- o alto custo das baterias utilizadas para dar autonomia suficiente com performance;
- a relação entre custo e volume de fabricação — quanto menos unidades são produzidas, mais caro fica a unidade;
- a falta de uma infraestrutura otimizada para produção de larga escala como existe há décadas com os motores a combustão;
- o valor agregado, já que grande parte dos modelos elétricos hoje é voltada para públicos com maior poder aquisitivo — contam com componentes de potência e conforto que já são naturalmente de categorias mais caras como carros de luxo, esportivos e SUVs.
A projeção para o futuro é de que a própria popularização de modelos elétricos no mercado crie o ambiente necessário para mitigação de custos e redução de preços.
Com o barateamento das técnicas e componentes, começaremos a ver carros populares com motores elétricos, tornando a opção atraente para o público geral.
A Agência Internacional de Energia prevê que a paridade de preços com veículos a combustão aconteça gradualmente ao longo da década de 20: 2025 para carros menores e até 2030 para pickups e SUVs.
Quais são as principais fabricantes de carros elétricos?
A líder no mercado de carros BEV e PHEV no Brasil é o Grupo BYD, montadora chinesa.
Mas, em geral, quase todas as fabricantes hoje investem em desenvolvimento de motores elétricos que começam a se consolidar como opções de consumo no mercado.
Empresas conhecidas como Volkswagen, Volvo e BMW já possuem participação significativa no segmento, embora ainda seja um nicho. Estima-se que hoje, no mundo, existam entre 2,5 e 3 milhões de carros elétricos rodando. É um número modesto, mas que começa a crescer exponencialmente.
Como carregar um carro elétrico?
Os carros elétricos com bateria (excluindo aqueles com célula de hidrogênio) são carregados como qualquer aparelho eletrônico: basta colocar na tomada e esperar.
Mas isso não significa que você vai poder usar seu carregador de telefone no carro. Os veículos com esse tipo de motor exigem cabos e entradas específicos, coma a potência necessária para “encher o tanque” de forma rápida e segura.
A proposta de infraestrutura para essa cobertura tem duas frentes: o recarregamento caseiro e os postos de abastecimento.
Em casa, o futuro aponta para tomadas em garagens que possam manter o carro alimentado enquanto você não está usando. São sistemas mais simples e demorados, precisando de horas para uma carga completa. Será ideal para uso comum de veículos, em que o motorista o deixa na tomada à noite para utilizar durante o dia.
Outro modo de carga exige equipamento especial de corrente contínua, que pode reduzir o tempo de uma carga completa de horas para minutos. Serão provavelmente os postos do futuro.
Quanto custa para carregar um carro elétrico?
O preço da recarga de um carro desse tipo depende principalmente de quanto custa a energia elétrica onde você mora. Portanto, varia bastante de local para local.
Para se ter uma ideia de quanto você vai gastar e comparar com o preço do combustível, será preciso calcular de acordo com a capacidade da bateria presente no modelo que você escolher e quanto é o custo do kilowatt/hora (kWh) para você.
Isso, claro, se você estiver recarregando o carro em casa. Nos postos de abastecimento em locais público, o preço varia, assim como é hoje com a gasolina.
Nesses casos, só será possível ter uma verdadeira comparação de custo-benefício em relação ao combustível fóssil quando ambos forem amplamente disponíveis e houver mais disputa de mercado.
Quanto tempo dura a bateria de um carro elétrico?
Uma das dúvidas mais comuns em relação a carros elétricos é a sua autonomia em relação aos veículos a combustão. Será que vale a pena em questão de distância percorrida? E de quanto em quanto tempo as baterias precisam ser trocadas?
Em questão de distância percorrida por carga, a média dos modelos mais populares está entre 300km e 400km sem precisar recarregar, um número bem razoável e que ainda deve melhorar bastante nos próximos anos com o desenvolvimento da tecnologia.
No Brasil, o modelo com maior autonomia hoje é o BMW iX xDrive 50 Sport, que faz mais de 500km com uma carga.
Quanto à vida útil de uma bateria no motor elétrico, a média estipulada do mercado gira em torno de 8 anos de uso comum — considerando o equivalente a 160 mil km. Esse é o período que a maioria das fabricantes oferece de garantia, embora a durabilidade possa superar os 10 anos.
Como está o mercado de carros elétricos no Brasil?
O Brasil ainda tem um mercado limitado de carros elétricos, se comparado aos seus equivalentes a combustão. Porém, o crescimento desse tipo de veículo no país é exponencial.
Para se ter uma ideia, o crescimento das vendas entre o primeiro semestre de 2022 e o mesmo período de 2023 foi de 58%, segundo a ABVE. Com o aumento da cobertura e uma queda gradual nos preços, as categorias BEV e PHEV serão cada vez mais comuns nas ruas.
Pensando no futuro, alguns fatores podem tornar o Brasil uma referência no mundo para a adoção desse tipo de automóvel. Assim como o uso do etanol, as condições favoráveis de geração de energia criam um cenário positivo para a popularização do modal energético no trânsito.
Além disso, espera-se que, no futuro, haja incentivos públicos maiores para produção e compra de veículos sem uso de petróleo. É o que aconteceu com o próprio álcool combustível, que hoje é compatível com a maioria dos motores em atividade no país.
Unindo desenvolvimento tecnológico, barateamento de produto e consciência ecológica, é possível imaginar um futuro com opções de carro elétrico cada vez mais econômicos e eficientes, o que possibilitará abandonar de vez o uso dos combustíveis fósseis.
Está pensando em trocar seu carro por um modelo elétrico futuramente? Veja como funciona a tabela FIPE e como ela é utilizada no mercado!