Quando se fala em carros autônomos, a imagem de veículos que dispensam motoristas pode parecer futurista demais, mas essa tecnologia já faz parte do nosso cotidiano. Em várias cidades dos EUA, como Phoenix, onde é possível pedir um Uber autônomo em parceria com a Waymo (do grupo Alphabet, pertencente ao Google), esses veículos já circulam pelas ruas.
Contudo, essa evolução não é isenta de desafios. Após um incidente em São Francisco, a Cruise, empresa concorrente de Waymo, suspendeu suas operações para focar em segurança, mesmo enquanto o mercado de carros autônomos nos EUA continua a crescer rapidamente, com projeções de atingir US$ 37,56 bilhões até 2029.
Neste artigo, você vai conhecer um pouco mais sobre esse assunto para entender como essa tecnologia funciona. Continue lendo para ver a situação desse tipo de carro aqui no Brasil, quais são as vantagens e desvantagens que oferece e como as seguradoras encaram essa novidade.
O que são carros autônomos e como funcionam?
O carro autônomo é um tipo de veículo equipado ou configurado com algumas funções autônomas de condução. Ele é capaz de realizar determinadas tarefas sem a necessidade de interferência humana e funciona graças a uma combinação de tecnologias avançadas.
Sensores e radares permitem ao veículo “ler” o ambiente ao redor, incluindo rodovias, outros carros e pedestres. Um GPS de alta resolução, junto com câmeras, ajuda a determinar a posição exata do carro, essencial para mudanças de faixa e saídas de rodovias. O controlador de velocidade adaptativo ajusta automaticamente a velocidade do veículo, garantindo uma condução segura.
Com esses sistemas, o carro pode mudar de faixa, ajustar a direção, frear, acelerar e até estacionar sem a intervenção do motorista.
Porém, a ideia de um automóvel sem condutor é apenas uma das possibilidades que esse tipo de tecnologia traz. A verdade é que existem diferentes níveis de autonomia, e é justamente por isso que esse não é um tema de filme de ficção científica.
A Sociedade de Engenheiros Automotivos (SAE) estabeleceu uma padronização com cinco níveis diferentes de condução autônoma. Portanto, um carro pode ter mais ou menos tecnologia para funcionar por conta própria, digamos assim. Veja a seguir:
- Nível 0: o veículo é totalmente manual. Ele precisa de um ser humano para realizar qualquer tarefa ou função;
- Nível 1: é a direção assistida. O carro realiza uma tarefa de forma autônoma, por exemplo, controlar a velocidade ou se manter na faixa, durante alguns poucos segundos e em vias específicas. A responsabilidade é do motorista;
- Nível 2: com automatização parcial. O carro realiza as duas funções que foram citadas no nível 1, mas sem esse limite de tempo. O motorista continua a ser responsável e precisa pegar no volante quando o carro pedir. Os carros autônomos da empresa Tesla, uma das mais conhecidas na atualidade, são categorizados como nível 2;
- Nível 3: temos automatização condicionada. Não é preciso que o motorista mantenha as mãos no volante o tempo todo, mas o veículo emite alerta e solicita que a pessoa assuma o controle, se necessário;
- Nível 4: temos a automatização avançada, na qual o motorista pode fazer qualquer outra atividade, pois o carro é que controla. É usado em estradas, e o motorista retomaria o controle em zona urbana;
- Nível 5: a automatização total. Neles, temos de fato um veículo autônomo, que não depende do ser humano para ser conduzido. Ele dirige sozinho e segue de um ponto a outro sem a intervenção do condutor — seja na zona rural, seja na zona urbana.
Os carros autônomos já chegaram ao Brasil?
Considerando que existem níveis diferentes para classificar um carro autônomo, a resposta é sim. Já existem modelos encontrados aqui no Brasil, mas apenas nos níveis 1 e 2 de autonomia. Isso porque existem aspectos que não “combinam” com esse tipo de tecnologia.
A infraestrutura das ruas e das estradas brasileiras não é adequada para receber um modelo com automatização total. Além disso, existem os aspectos éticos e de legislação, pois ainda não existem leis que regulamentam o uso desse tipo de veículo por aqui, apesar de existirem projetos de lei sobre o assunto.
Quais as vantagens e desvantagens dos carros autônomos?
Uma das grandes vantagens do transporte autônomo como um todo é a segurança. A automatização é muito mais precisa e não se deixa levar por impulsos, instintos, nem emoções, o que poderia evitar acidentes em função da imprudência.
Também há uma boa economia de tempo, já que um carro de condução autônoma pode realizar tarefas sem a necessidade de intervenção humana. Logo, é possível dormir na estrada para chegar mais rápido ao destino.
Geralmente, carros com alta automação são elétricos. Isso promove mais sustentabilidade e menos gastos com manutenção rotineira. Sem falar de que são veículos que atuam de forma integrada com mapas, centrais de trânsito, e que interagem entre si.
Mas também temos algumas desvantagens nessa tecnologia. O alto preço dos elétricos é uma delas. O carro autônomo tende a ser mais caro do que modelos comuns. A manutenção tende a ser mais complexa e há vulnerabilidade para ataques. Hackers podem invadir o sistema e controlar o carro autônomo.
O poder de decisão em um momento de emergência também é questionável. Afinal, em uma situação extrema, o algoritmo escolheria salvar o pedestre ou o motorista? Esses e outros aspectos complicam a adesão.
O que esperar para o futuro dos carros autônomos?
A tendência é de que o carro com tecnologia autônoma evolua cada vez mais. Os níveis 4 e 5 de autonomia ainda não são uma realidade que chegou às estradas. São ideias que ainda estão em fase de conceito ou que não foram desenvolvidas.
Por isso, ver um carro sem motorista rodando por aí em larga escala não é algo que vai acontecer tão cedo. Mas novas tecnologias, como o 5G, a inteligência artificial e a internet das coisas, garantem um futuro promissor para esse mercado.
Porém, ainda existe muito a evoluir na questão da ética e da legislação, para regulamentar a circulação desse tipo de automóvel. Também para definir a responsabilidade quando algo de errado acontece enquanto o carro autônomo está na direção.
Como as seguradoras tratam os veículos autônomos?
Conforme explicamos, o carro autônomo aqui no Brasil ainda está nos níveis 1 e 2. Isso significa que existem tecnologias que facilitam a condução e a direção, mas o automóvel precisa que o motorista esteja com as duas mãos no volante.
Modelos como esse são vistos pelas seguradoras como carros com tecnologias que ajudam a aumentar a segurança. Esse é um aspecto que tende a reduzir o risco de sinistros e favorecer o segurado na hora de calcular o valor da apólice. Em contrapartida, modelos tecnológicos também tendem a ter um valor de mercado mais alto, e isso pesa no orçamento do seguro.
Em relação ao veículo de direção autônoma que não precisa de motorista, como você viu, não é uma realidade que vivemos agora. Como não existem legislações acerca disso, é uma questão que ainda está sendo estudada.
Inclusive porque a maioria dos acidentes acontece por falha humana. Um carro autônomo, portanto, reduziria de maneira significativa o risco de sinistro e, por consequência, o valor do seguro. Porém, novas coberturas precisariam ser criadas, como para falhas sistêmicas e erros características desse tipo de veículo.
Responsabilidade no caso de acidentes
Existe, também, a questão de um modelo autônomo se envolver em um acidente, o que exigiria a definição de um responsável. Nesse caso, seria o fabricante do veículo, o condutor ou quem criou o sistema operacional? Ou seriam todos?
Para ter uma ideia, em 2018, no Arizona, um incidente levantou sérias questões sobre a segurança dos veículos autônomos e a responsabilidade em caso de acidentes. Elaine Herzberg, de 49 anos, foi atropelada por um carro autônomo em testes pela Uber enquanto atravessava a rua fora da faixa de pedestres.
O sistema de inteligência artificial do veículo não conseguiu identificá-la como uma pessoa, e a motorista de apoio, Rafaela Vásquez, estaria distraída assistindo a um programa de TV no celular, o que impediu uma intervenção humana a tempo. Esse acidente levou a uma reformulação completa no processo de desenvolvimento de veículos autônomos da Uber, destacando a complexidade de atribuir responsabilidade em casos envolvendo essa tecnologia em desenvolvimento.
Sendo assim, ainda não é possível responder a todos os aspectos relacionados ao carro com tecnologia autônoma. Pelo menos quando estamos falando dos níveis mais altos que ela tem.
Seja como for, o avanço da tecnologia traz muitas possibilidades para a evolução do carro autônomo. Então, talvez não tenhamos, ainda, os níveis mais altos à nossa disposição, mas não se trata de algo impossível — apenas que precisa ser melhor projetado para ser implementado em larga escala.
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